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O espírito olímpico

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Abelardo Jurema Filho   

Durante 30 dias acompanhei de perto os Jogos Olímpicos. Olhos grudados na televisão, vibrei, chorei, sofri e compartilhei com os atletas todas as suas emoções, como se estivesse ao lado deles, ali em Tóquio, competindo e empregando as minhas forças para a conquista de uma medalha.  Inspirado na frase do Barão de Coubertin, que “o importante é competir”, não torcia e me comovia só com os representantes do meu país. Durante aquelas quase 200 horas de transmissões esportivas pelos canais da Globosat, com um trabalho jornalístico do mais alto nível técnico e profissional, também me envolvi com o drama de  Simone Biles, a grande campeã da ginástica artística que, mesmo sem conquistar uma única medalha de ouro, transformou-se num dos símbolos da maior competição esportiva de todos os tempo pelo seu gesto de coragem e resiliência.  Estive com a Rebeca Dantas nos aparelhos e dancei com ela a música no Baile das Favelas na ginástica rítmica; remei ao lado do Izaquias Queiroz na canoagem; surfei nas ondas com Ítalo Ferreira e naveguei com Martine Grael e Kahena Kunze; cheguei exausto ao final da Maratona Aquática dando força à baiana Ana Marcela e corri até o limite das minhas forças com o Alison Santos, ultrapassando todas  aquelas barreiras.   Impulsionei as raquetes da Laura Pigossi e a Luisa Stefani; fiz manobras inacreditáveis no skate com a Fadinha, Pedro Barros e Kelvin Hoefler; fui nas alturas no salto com vara do Thiago Braz. Mesmo sem saber nadar, mergulhei na piscina com Mayra Aguiar, Bruno Fratus e Fernando Sheffer; distribui socos nas lutas de Box e levei alguns golpes no judô; e ainda tive muitas alegrias com o futebol masculino e o vôlei feminino.  Mas essas Olimpíadas nos trouxeram muitas outras lições. E a mais importante foi a demonstração de que é possível a convivência entre os contrários, mesmo entre povos que estão em posições políticas e ideológicas diametralmente opostas. Nos Jogos Olímpicos, as nações não se diferenciam por serem “de direita ou de esquerda”. Os atletas não são divididos por raça, cor, religião ou preferência sexual. Todos são rigorosamente iguais e se abraçam, confraternizam, se cumprimentam e se aplaudem mutuamente diante de qualquer resultado.  Os Jogos demonstram, como nos versos de John Lennon, que é possível imaginar um mundo onde não haja razão para matar ou morrer; sem fome e sem ganância, com todas as pessoas vivendo em paz.   E, no nosso pais, onde a intolerância prossegue atingindo níveis inimagináveis, alimentada pelo ódio e sentimento de vingança, dividindo famílias e destruindo velhas amizades, está na hora de se compreender que é preciso conversar e não discutir; debater e não se agredir; e, principalmente, de se ter respeito aos que não comungam da nossa opinião e tem direito a divergir delas.

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